Nós também temos nossos Guetos


(Morro Dona Marta- Rj)

O problema do crescimento das favelas no Rio de Janeiro já é um velho conhecido das manchetes dos jornais, matéria prima abundante para a produção de notícias, embora, boa parte delas se dedique em difundir as cenas de violência cotidiana.

No final do ano passado, houve a pacificação do Morro da Dona Marta, tornando-se o verdadeiro laboratório das ações de segurança pública do estado. Mas uma decisão tem passado “quase despercebida” nas manchetes dos jornais cariocas. Desde o começo de janeiro, está sendo construindo um muro em torno da favela, que terá 3 mestros de altura e 643 de comprimento.

Segundo o argumento do governo do estado “um muro de contenção” para evitar seu crescimento e a destruição da mata atlântica pela ocupação irregular e a proposta é erguer mais fortalezas de contenção em tornos de outras comunidades que se situam na zona sul da cidade. Estima-se que o gasto com cada um desses muros seja da ordem de 1 milhão de reais.

O muro, claramente representa o fracasso da gestão urbana que na falta de conseguir organizar um projeto de integração das comunidades carentes à cidade, opta por segregá-las em seus próprios espaços de carência. O déficit de moradia é de 1,5 milhões somente na cidade do Rio de Janeiro, isso significa que se o objetivo é conter a construção irregular, a intenção ja começa à sombra um problema latente que é a necessidade de moradia da população.

A expressão “cidade repartida” para se referir a separação da cidade entre a população do asfalto e a do morro alcança agora uma fase literalmente de concreto.

Comentários

Olá Sônia, estivemos,hoje, a tarde inteira na Urca tirando as fotos para a colação de grau. Tenho orgulho de tê-la como ex-professora. Os colegas já decidiram que a turma se chamará "SEU ANTONIO". É uma coisa meio esquesita, mas legal. Não esperava por isso. Sim, acabo de colocar no nosso blog dois links muito importantes que, com certeza virá enriquecer a nossa página: O seu e o de Darlan. Um forte abraço, ANTONIO
Sônia Meneses disse…
Poxa, fico muito contente, Antônio. Gosto muito da turma de vcs. Desejo muito sucesso. Ah, e a idéia do nome da turma foi muito legal!
Abração!
Unknown disse…
No Rio fica cada vez mais explícita essa divisão.
É irônico até perceber que a divisão social se opera cada vez mais no espaço, lembrando de longe, mas lembrando, os feudos lá da Europa...

Aqui no Crato, no pequeno Crato, essa divisão se estabelece e dá para perceber é no meio de transporte do povo. Continuam andando em caçambas de caminhonetes, aos olhos complacentes dos guardas municipais que cumprem a ordem de ignorar a infração ao código de trânsito, afinal como é que os pobres vão se deslocar?
Sônia Meneses disse…
É verdade Darlan, proliferam-se em nossa sociedade trincheiras, materiais ou simbólicas de segregação e exclusão. Seja no Rio ou no Crato, testemunhamos diariamente a irresponsabilidade, por corrupção ou incompetência das administrações públicas e a ineficácia de projetos urbanos que somente maquiam os graves problemas de nossos espaços urbanos.

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