Nós também temos nossos Guetos
(Morro Dona Marta- Rj)
O problema do crescimento das favelas no Rio de Janeiro já é um velho conhecido das manchetes dos jornais, matéria prima abundante para a produção de notícias, embora, boa parte delas se dedique em difundir as cenas de violência cotidiana.
No final do ano passado, houve a pacificação do Morro da Dona Marta, tornando-se o verdadeiro laboratório das ações de segurança pública do estado. Mas uma decisão tem passado “quase despercebida” nas manchetes dos jornais cariocas. Desde o começo de janeiro, está sendo construindo um muro em torno da favela, que terá 3 mestros de altura e 643 de comprimento.
Segundo o argumento do governo do estado “um muro de contenção” para evitar seu crescimento e a destruição da mata atlântica pela ocupação irregular e a proposta é erguer mais fortalezas de contenção em tornos de outras comunidades que se situam na zona sul da cidade. Estima-se que o gasto com cada um desses muros seja da ordem de 1 milhão de reais.
O muro, claramente representa o fracasso da gestão urbana que na falta de conseguir organizar um projeto de integração das comunidades carentes à cidade, opta por segregá-las em seus próprios espaços de carência. O déficit de moradia é de 1,5 milhões somente na cidade do Rio de Janeiro, isso significa que se o objetivo é conter a construção irregular, a intenção ja começa à sombra um problema latente que é a necessidade de moradia da população.
A expressão “cidade repartida” para se referir a separação da cidade entre a população do asfalto e a do morro alcança agora uma fase literalmente de concreto.
Comentários
Abração!
É irônico até perceber que a divisão social se opera cada vez mais no espaço, lembrando de longe, mas lembrando, os feudos lá da Europa...
Aqui no Crato, no pequeno Crato, essa divisão se estabelece e dá para perceber é no meio de transporte do povo. Continuam andando em caçambas de caminhonetes, aos olhos complacentes dos guardas municipais que cumprem a ordem de ignorar a infração ao código de trânsito, afinal como é que os pobres vão se deslocar?